BEM-VINDO!

Este espaço foi criado antes da reactivação do Núcleo de Arquitectura Paisagista da Universidade do Algarve (NAPUA) que se deu em Junho de 2011.

O blog oficial do NAPUA é http://www.nucleoapualg.blogspot.com/

E-mail: ap.ualg@gmail.com

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Anfiteatro da fonte grande – Alte

Este post surgiu devido ao facto de nós estudantes de Arquitectura Paisagista não conseguirmos fazer um passeio sem que tenhamos de criticar (construtivamente, claro!) o que é feito por aí.
Eramos quatro gatos-pingados, Turis, Guida, Sakura (Andreia) e Rúben. Passámos um belo dia em Alte (para saber mais acerca de Alte cliquem aqui), onde visitámos a casa da avó da Guida (Muito obrigado Guida!!), e almoçamos lá, debaixo de uma alfarrobeira com vista para os montes. Em seguida fomos passear à fonte grande, e foi aí que nos deparámos com o Anfiteatro da fonte grande.
O Anfiteatro da fonte grande em Alte é uma das 24 acções levadas a cabo pelo plano de reabilitação Urbana de Alte. Segundo a “Algarve Maximus” este plano tem como objectivo a valorização da Aldeia de Alte, tendo em vista a protecção do património monumental e ambiental de forma compatível com a valorização e qualificação dos espaços públicos, com equipamentos e infra-estruturas de apoio à população. (Para mais pormenores visitar o link) Desconhecendo tais obras (exceptuando-se o Anfiteatro da fonte grande), não posso afirmar se tais objectivos foram cumpridos. Mas encontrei uma entrevista efectuada pela “Voz de Loulé”, por Helder Raimundo a Daniel Vieira, “lídimo habitante da aldeia, professor e artista plástico, um homem permanentemente preocupado com a imagem arquitectural da sua terra. E sobretudo com a face cultural exógena que ela transmite a quem a visita.” Onde já se tinham efectuado diversas obras pertencentes ao plano de reabilitação Urbana de Alte, mas o Anfiteatro em questão ainda estava a ser projectado. É interessante reparar na previsão efectuada por Daniel Vieira quando se baseou no que já tinha sido feito para se referir ao futuro projecto. Leiam por vocês:
“«A Voz de Loulé»: Então e o teu velho sonho de um anfiteatro “à grega” na Fonte Grande?

O anfiteatro, se vai ser da mesma linha das outras coisas, também acho que não se devia gastar dinheiro ali. Eu sempre vi um anfiteatro simples, à “grega”. Podia-se passar a cultura mediterrânica, podia-se ter feito tudo aqui. Mas estou a ver a mesma linha de arquitectura. Agora, até queriam que os assentos fossem de pedra polida. Ora, eu sento-me lá há 60 anos e nunca me queixei do cú. Aquilo que era um sítio rústico, romântico... mas parece que o arquitecto tem razão, as coisas foram aprovadas por nós todos. Mas mediante o que se vê na Casa da Criança e na Biblioteca, ninguém sabe o que é que dali vai sair. Acho que as pessoas não ligam nada. Acho estranho que a comissão não faça nada, apesar de no outro dia não ter aprovado as pedras polidas. Se calhar vão estragar o monte. Eu e o Joaquim Mealha [ex-técnico de desenvolvimento da Câmara Municipal de Loulé] achámos que realmente o melhor sítio seria um bocado mais abaixo, a sul, em frente à ponte de pedra. Mas todos aprovaram aquele local, por causa do palco. Mas se vão fazer outro no chão, não destruiam a montanha. Infelizmente, já deitaram muitas árvores abaixo.Eu hoje já estou arrependido, de quando apresentava os festivais de folclore e referia a beleza que poderia ter um anfiteatro na Fonte Grande, porque tenho receio do que ali poderá surgir. E lembro a palavra de um altense que disse, com desgosto, que o que há de mais bonito em Alte está a ser destruído.”

Aconselho a ler a entrevista na íntegra (para isso vejam aqui).

Descrição deste espaço efectuado pelo próprio site da junta de freguesia de Alte:

“A ribeira de Alte tem aqui as suas duas nascentes mais importantes, uma situada junto ao palco e a outra, o Olho-de-boi, mais acima, que só é visível quando chove muito.
Este espaço é muito apreciado pela sua piscina de água natural, construída na década de oitenta e que faz a alegria de “miúdos e graúdos” na época do Verão.
O parque de merendas oferece excelentes condições para se fazerem piqueniques e churrascos.
Na zona em frente à nascente existe uma escultura de Camões, feita em pedra natural, da autoria de José Cavaco Vieira.
A Fonte Grande é palco de uma das maiores festas altenses, a Festa do 1º de Maio. Esta assenta num festival de folclore que se inicia com o desfile, pelas ruas da aldeia, de vários grupos folclóricos, culminando com a sua actuação, neste espaço, onde se pode também saborear os pratos, doces e licores típicos da região.
Ao longo de todo o ano decorrem aqui outros eventos, de cariz muito diversificado.
Em 2005, no âmbito do Plano de Reabilitação Urbana de Alte, foi criado o anfiteatro, camarins e novos sanitários, dotando este espaço de melhores condições para a realização de espectáculos.”

Breve descrição do espaço já existente antes do projecto:
O espaço que já existente antes do projecto está construído acima de tudo com pedra natural da região (rocha cálcaria), constituindo um espaço de merendas, pontes que atravessam a piscina natural, e muros de suporte de terras. É um espaço acima de tudo de lazer, onde o utente se encontra com a natureza. Este espaço ainda tem uma componente virada para o espectáculo, contendo um pequeno palco (também de rocha calcaria), onde são feitos pequenos espectáculos durante o verão, sendo o maior no dia 1 de Maio, altura em que a região acolhe uma feira na semana cultural de Alte (acaba no mesmo dia).
























Piscina natural abastecida pela fonte grande de Alte.





















Espaços adjacentes à piscina natural.























Vista para a direita da ponte: Estabelecimento comercial (Restaurante/café) adjacente á piscina com um parque de merendas perto.























Vista para a esquerda da ponte: Foi quando nos deparámos com isto que chegamos à conclusão que a piscina natural, que é fornecida com água da fonte, tem um sistema de retenção de águas. Durante o verão a ribeira está quase sempre seca (o que acontece constantemente nas ribeiras do Algarve).























Árvores de arruamento junto á piscina natural. (Não identifiquei a espécie, por isso pessoal toca a procurar que espécie é esta e digam qual é… Vá! É suposto todos participarmos! Hehe).

O Anfiteatro da Fonte Grande:

















O anfiteatro está posicionado de frente para o palco existente no espaço, tendo uma estrada/caminho (pouco usada) a separar. Está inserido na encosta de um pequeno monte. Como se pode ver ao lado.

Só pela foto já nos apercebemos de alguns materiais usados e da imponência que esta estrutura provoca no espaço. Como se pode ver o anfiteatro é constituído por três partes ligadas apenas pela escadaria, cada uma destas partes possui três bancadas para os utentes se sentarem. Entre cada parte do anfiteatro encontra-se terreno natural. Além do anfiteatro existem outras estruturas pertencentes ao mesmo projecto: Um edificio, talvez de apoio às actividades efectuadas no espaço, e uma zona de merendas (Ver fotos abaixo).








































Uma das três bancadas (são idênticas).

Materiais:















Pavimentos da zona de escadaria a zona de bancadas e a sua divisão: Ardósia, metal (não identifiquei), madeira.



















A zona mais alta do anfiteatro. Os bancos são de pedra polida (mármore). Não são indicados para uma zona ao sol, pois a pedra sobreaquece e quem sofre é o nosso bumbum (A Sakura que o diga!)
















Pormenor onde se repara a ardósia nas escadarias, a madeira, e o metal aço córten, tipo aquele que se encontra á porta da biblioteca de Gambelas.




















Primeira escadaria, onde é visível o uso de pedra calcária clara.

















Pormenor da zona de merendas (Inserido no projecto) adjacente ao anfiteatro. Uma vez que as arvores ja se encontravam no espaço construiram como que uma moldura de calçada à volta das alfarrobeiras que ali se encontram.
























Zona de merendas adjacente ao anfiteatro. (não tenho uma foto melhor... Não sou perfeito!!)

Esta zona é maioritariamente constituida por rocha calcária (calçada e muros), mas o mobiliário urbano é constituido por materiais metálicos.

Em relação aos materiais, parece-me a mim, que estão pouco adequados ao local, pois não respeitam os que já lá existiam. Juntamente com a formalização rectilínia do projecto, os materiais vão proporcionar uma imposição no espaço um pouco excessiva.

Vegetação:
























































A vegetação é maioritariamente composta por Alfarrobeiras (Ceratonia siliqua), Alecrim (Rosmarinus officcinalis), Murta (Myrtus communis), Palmeira-Anã (Chamaerops humilis).

O elenco de vegetação escolhido é adequado ás características do local - espécies autóctones.
Vistas:




































Vistas das três bancadas para o palco.



















Vista de cima da escadaria.
























Existe um espaço sem bancada, não sei qual o propósito, mas penso que seja para ficar de pé!?


Conclusão:

  • Este espaço prima pela adaptação do projecto ao relevo existente e pelo elenco floristico escolhido.
  • Mas devido á formalização rectilinea e imponente, conjuntamente com os materiais escolhidos este espaço impõe-se negativamente ao espaço em que está inserido.
  • Para uma melhor crítica, será interessante visitarem o local e trocarmos opiniões e ideias aqui no blog. Quem já conhece o espaço por favor comente.
Para finalizar aqui vai outro pormenor:
























Estátua de Luís Vaz de Camões, que pelos vistos tambem deu que falar, senão vejam.

Créditos:
Redação: Rúben Pires
Fotografia: Rúben Pires

Patrocínios:
Transporte - Turis
Estadia/Almoço - Ana Margarida da Encarnação



1 comentários:

Carla Almeida disse...

Adorei que tivessem feito esta reportagem. Estou em Alte de novo em trabalho de campo é desta que publico a tese.

Um abraço

Carla

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